Resumo
Este ensaio propõe, de forma rigorosamente duvidosa, que a paciência é, na verdade, a ciência do pa. A metodologia adoptada baseia-se em etimologia forçada, observação quotidiana e fórmulas matemáticas que parecem sérias, mas não provam nada.
Definição Operatória
Chamamos pa à menor unidade temporal do comportamento humano.
Definição:
1 pa = intervalo entre o impulso de resmungar e o acto de não o fazer.
Exemplo: quando alguém diz “já vou” e só aparece meia hora depois, a distância entre o primeiro suspiro e o não rebentar chama-se pa.
Axiomas Fundamentais
(A1) Todo o pa acumulado converte-se em tolerância armazenada.
(A2) A ausência de pa gera pâ-nico.
(A3) “Calma, pá!” é intervenção terapêutica validada empiricamente no trânsito, filas e jantares de família.
(A4) O número de pa que um indivíduo suporta é directamente proporcional ao número de cafés ingeridos e inversamente proporcional ao tempo passado em repartições públicas.
Relação com a Física
Pa é também símbolo do Pascal, unidade de pressão.
Logo, a paciência pode ser definida como:
Resistência à pressão = quantidade de Pa suportados sem explosão sonora.
Materiais frágeis partem aos 50 000 Pa.
Pessoas pacientes resistem até ouvirem “foi só um minutinho” depois de 47 minutos de espera.
Modelo Matemático
A paciência pode ser expressa de três formas equivalentes:
Paciência = soma dos pa × tempo de espera
P = ∑ (pa × Δt)
P ≈ integral de todos os pa acumulados ao longo do tempo
Em português simples: quanto mais pa se conseguir juntar por minuto, mais paciência se terá.
Aplicações Empíricas
Fila do supermercado:
Sem pa → 5 minutos até ao colapso;
Com pa → 47 minutos com a mesma cara de sempre.
Trânsito urbano: repetir “pa” em silêncio a cada 3 segundos reduz em 62% a probabilidade de buzinar.
Reuniões intermináveis: registar um pa mental sempre que alguém diz “só mais um ponto rápido” – mantém a expressão facial intacta até ao final.
Conclusão
Demonstra-se que:
- Pa é a unidade mínima de contenção civilizada.
- A paciência é a acumulação sistemática de pa.
- Logo, paciência = ciência do pa.
Não se trata, portanto, de uma virtude abstracta, mas de uma engenharia aplicada de micro-intervalos.
O indivíduo paciente é, afinal, um gestor avançado de desconfortos invisíveis - um verdadeiro engenheiro da espera.


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